terça-feira, 26 de abril de 2011

Homo Zappiens – Educando na era Digital


O professor Wim Veen, da Universidade de Tecnologia de Delft (área de Educação e Tecnologia), Holanda e Ben Vrakking, aluno e pesquisador de pós-graduação em Engenharia de Sistemas, análises de políticas e monitorização na mesma universidade, são autores deste livro que de forma explícita coloca-nos frente à tecnologia própria da cultura do nosso tempo, especialmente na sua relação com a educação. Para o primeiro, a tecnologia como propulsora de modificações importantes no comportamento, aprendizagem e forma de produção de conhecimento das gerações que se formam dentro desta cultura. O segundo, ao estudar processos de mudança, estabelece a aprendizagem como meio básico para lidar com ela. As necessidades estabelecidas por cada um dos autores bastam para tornar a leitura deste livro interessante, na medida em que educação, tecnologia e processos de mudança são vistos como partes de um mesmo ecossistema, o que dá agilidade e dinamismo a estas questões e propõe reestruturações importantes para a educação.
O segundo capítulo, Conhecendo o Homo Zappiens, centra-se na geração emergente ligada em rede, que processa e gere a velocidade e a quantidade de informação com recurso aos mais diversos e facilitadores meios, num processo de escolhas em que se valoriza a velocidade das trocas de informação e a facilidade com que ela chega até ao indivíduo, veloz e com poucas barreiras. A distância física não se afigura um problema ou entrave à comunicação. Assim, através das estruturas de conceitos, da inter-relação dos conceitos, determina os núcleos essenciais de informação pertencentes a um fluxo de informação e, com base nesses núcleos, constrói-se conhecimento significativo. A escola faz parte da vida quotidiana dos alunos, mas não é o mais importante para eles. É como se a escola não seja parte integral das suas vidas, seja um mundo completamente diferente do restante e das suas actividades diárias. Paradoxalmente, a educação apresenta a escola como principal actividade formativa do indivíduo. Acresce que, por outro lado, a escola parece apresentar-se ainda como uma estrutura algo resistente à era digital, o que faz com que este público tenha menos formas de contacto e se afaste gradualmente.
O terceiro capítulo, Entendendo o caos, centra a atenção sobre as mudanças adoptadas pela geração digital, expondo pontos importantes para este entendimento, tais como:

  • Habilidades icónicas – incorporação de símbolos e ícones para a busca da informação; 
  •  Executar múltiplas tarefas; 
  •  Zapear – determinação dos núcleos essenciais de informação pertencentes a um fluxo de informação na busca de conhecimento significativo; 
  •  Comportamento não-linear – várias informações diferentes de muitos canais diferentes; 
  •  Habilidades colaborativas – para resolver problemas.

Podemos aproximar-nos do conceito de inteligência de Lévy, que nos mostra que a produção e circulação do conhecimento/informação é um processo social. Mas as relações sociais não são homogéneas, são marcadas pela existência de relações de poder. Os sujeitos sociais não participam em igualdade de condições: há os que possuem o poder de definir socialmente o que deve ser considerado como informação/conhecimento e de que forma este irá circular.
O quarto capítulo, Aprendendo de maneira divertida, apresenta o indivíduo como um ser investigador, que alia a aprendizagem individual e a colectiva, na produção de conhecimento.
Simultaneamente, há a consciência de que gradualmente caminhamos para o individualismo, abandonando a cultura de massas e as estruturas colectivas. 
Deste modo, levantam-se questões importantes, tais como: 
  • Que mudanças houve?; 
  •  De que forma mudou a aprendizagem em função da tecnologia?
Para dar resposta às questões levantadas, o capítulo organiza-se em três tópicos, conhecimento, habilidades e valores. Por fim, é-nos proposto que aceitemos a incerteza como parte do processo de construção do saber.